"Jovem sem voz, é idoso sem historia"

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Liberdade de expressão.


Tiro pelas costas.
Aqui em mim um muro, aqui dentro uma parede gélida, desgostosa, tensa...
Seria um muro branquinho e belo se não estivesse manchado de sangue, esses pingos vermelhos que insistem borrar o que era arte.
Há poucos dias era 
só uma parede, agora é mural, agora é espaço de memória, saudades e indignação. Não é um santuário, porque não conheço santos, mas é espaço de céu, espaço onde “os bons morrem jovens” como dizia o poeta, “é tão estranho”.
É permitido colocar placas de campanha política, isso pode isso deve. Mas não se pode GRAFITAR. É possível colocar propaganda de produtos cada vez mais caros, “daqueles que nos roubam” para alimentar, motivo nobre para impostos e preços altos. Mas pintar um muro, GRAFITAR, não! Isso não pode. Podemos ter programa no muro e porque não? Afinal, trata-se da profissão mais antiga, mas pintar o muro com Grafite? NÃO, NÃO PODE!
Deveríamos deixar os muros sujos de indignação, sujos de corrupção, sujos de covardia, sujos de mentiras e hipocrisias explícitas em nome de alguém maior. Mas somos teimosos e como “arteiros”, não artistas, porque esses foram todos desrespeitados ontem, vamos sujar o muro, vamos escrever? Não também não, vamos pintar colocar cor e respirar aliviados de nenhuma bala nos encontrar covardemente pelas costas borrando aquilo que era vida.
Há muito não se vê tamanho absurdo, ou não somos informados, ou não sai na mídia ou... ou... ou
Há muitos a arte é banalizada, escorçada e não valorizada.
Mata-se, fere, fecham, bloqueiam, limitam, engessam... Todos nós artistas.
Uns dizem que é arte marginal, dos menos favorecidos, ou dos “ATOA”.
Há séculos, lutamos por reconhecimento e respeito
E ele existe, precisamos mostrar. GRITARRRRR.

Por – Taís Viera e Sheila Juvêncio Viana



Acontecimento - Na madrugada de quarta-feira (08), Yuri Alves Neves de 22 anos, foi morto a tiros, em Macaé. O jovem grafitava junto com amigos, uma casa abandonada no bairro Cavaleiros e foi atingido nas costas. Os amigos contam que de quatro a seis tiros foram disparados, as marcas estão no muro e o desenho que Yuri fazia ficou inacabado. Na delegacia, o crime foi registrado como homicídio. E de acordo com o delegado, que não quis gravar entrevista, suspeitos e testemunhas estão sendo ouvidos. A investigação é sigilosa e uma reconstituição do crime deve ser feita nos próximos dias. 

Ontem amigos e familiares do jovem se reuniram na Avenida Atlântica, na Praia dos Cavaleiros, para prestar uma última homenagem a Yuri.
A manifestação seguiu por toda a orla com cartazes e faixas que lembravam a vítima, velas reforçavam os pedidos por mais respeito á liberdade de expressão da arte de rua, representada pelo grafite. Uma salva de palmas foi feita em frente a um dos desenhos do grafiteiro. Para chegar até a casa onde o crime aconteceu, os manifestantes atravessaram a Rodovia Amaral Peixoto e o trânsito ficou interditado. No local do crime, os grafiteiros da cidade pintaram o rosto do Yuri.
Fonte:in360.com







Nenhum comentário:

Postar um comentário